18.5.15

O título da verdade

Não aceito que exista uma verdade absoluta para além dos resultados matemáticos. Nunca a verdade poderá ser absoluta e, muito menos, concreta. 

Vejamos num conflito onde cada uma das partes, sob procura inerente de justiça à sua causa, defenderá sempre que a sua parte, sim, se encontra plena da verdade.
O mesmo, por certo, se passará pela outra parte, colocando o ouvinte sobre a inexistência da verdade ou a dupla existência da mesma. Cabe, desta forma, ao ouvinte das várias versões decidir qual a verdadeira verdade mas, sob esse efeito, a decisão já cairá sobre a moralidade do avaliador e a possível avaliação que terá sobre o sujeito ditador de uma das verdades e, se a verdade deverá estar sempre acima da moral – quiçá até acima da justiça – como se poderá vez alguma elucidar sobre qual a forma mais correcta de avaliar tais factos?

Repensem, agora, colocando vários acontecimentos que se terão assistido pelo vosso dia-a-dia, pessoalmente ou até mesmo em comunidade. 

15.5.15

Haccordus

Creio nunca ter referido neste espaço de que sou totalmente contra o afamado [bem ou mal] Acordo Ortográfico de 90. Pois que o saibam, agora e, pelos vistos, tardiamente.

Esta querela espalha-se desde 1988 – ainda eu mal sabia escrever – porém, somente nos últimos 6 anos se decidiu dar importância a este assunto da limpeza quase holocáustica das palavras portuguesas. 

A eliminação das chamadas “consoantes mudas” é ainda a parte mais fácil de se compreender, ao analisar e aceitar que esta é a ortografia da fonética actual [dizem!]. Não consigo jamais entender qual a razão de eliminar hífens na cor-de-laranja mas ser obrigado a usá-los se houver mais luz branca e escrever cor-de-rosa! Ou, pior ainda, tornar a mini-saia aparentemente mais comprida ao acrescentar um S no lugar do hífen. 
Bem, isto é apenas o falar de praticidades, sem querer enveredar pela etimologia ou pela fonética. Isto para referir que ao ser-se imposto um acordo com referência legal, este deverá ser, antes de mais, um acordo entre todos os intervenientes [os tais 250 milhões de luso-falantes no mundo] e a suposta entidade que criaria as alterações, situação este que, mais que sabido, é humanamente impossível e, caso o não fosse, a fase de aceitação seria tão ou mais inconcebível quanto a que assistimos actualmente. 

Porém, acredito que num futuro – talvez uns 20 a 50 anos – possamos todos estar a usar este so called acordo, mais que não seja pela habituação na leitura das manchetes, nos avisos camarários e doutras fontes de informação e educação, já que nesses organismos o AO90 é obrigatório. Veja-se, como exemplo, as mesmas rejeições e reacções à alteração do acordo anterior onde escrever pharmacia se previa ser em nada etimológico. Hoje, passados bem mais de 50 já ninguém o escreve. 

Ainda assim, mesmo colocando a hipótese de que sucumbo a esta farsa num futuro que espero pouco de próximo, levantarei sempre a bandeira pela luta  contra esta incongruência.

14.5.15

A expressão da liberdade

O clausus modus em que me fui obrigado a estar, desde há uma semana a esta parte, tem-me colocado uma pertinente questão à qual, por felizes motivos, nunca me havia colocado a mim mesmo por ordem de pensativa existência. 

Quem ao meu lado se tem acamado, nas horas das visitas, exprime a sua completa opinião, sobre o que ela vale, seja a quem for que o oiça e esteja ou não disposto a ouvir, o que, na minha opinião e ideia correcta das coisas, aprovo e apoio. Estranha-me, no entanto, que as visitas se sintam tão constrangidas com a exposição das ideias e opinião do relator. 
Imagina que o senhor do lado é desse partido!?” – foi esta mesma  frase que me alertou para que escrevesse este texto. Repenso; que problema seria se a minha opinião diferisse tanto quanto à do relator? Que motivos teria eu para ripostar ou, quem sabe, violentar contra ele, fosse mesmo só por palavreado? 

Hoje em dia, verdade seja dita, e por graças a vivermos em liberdade de expressão, vivemos, no entanto, numa sociedade onde pouco se pensa antes de emitir a opinião que temos sobre as coisas. Maioria, é certo, que pouca ou nenhuma importância revelam na vida comunitária, porque são, dessa mesma maioria, coisas nossas, por vezes até pessoais e a isso, quem ouve, pouco carga de importância lhe dá. 
No que se refere a opiniões de âmbitos mais sociais/comunitárias devíamos sempre pensar antes de as emitir tão publicamente ou, pelo menos, não sendo tão público, o facto de se estar entre desconhecidos. Não que seja problemático o facto de emitir opiniões, mas sim pelo facto de se poder mudar em escasso limite de tempo. No que respeita a opiniões, hoje o que pensamos pode mudar em poucos minutos, até. O que não se altera com tanta rapidez são as convicções e até mesmo essas estão passíveis de alterar-se!

Voltando à estranha sensação de que me assolei quando notei o medo do visitante, que caminho estaremos nós, em termos de sociedade, a construir sobre a liberdade de expressão? Este “medo” de «o senhor ser desse partido» será um possível regresso ao passado ditatorial? Na verdade, todos os dias nos vamos quase que ambientando a isso. A censura é posta à prova e em causa ao mesmo tempo. Tenhamos cuidado!

Na minha opinião, o correcto será sempre que a opinião for dada, e que sempre deve existir, que antes de a proferir para onde quer que se destine, que está tenha sido pensada e, principalmente, pesadas as consequências não nocivas na opinião dos outros. 

P.S. - Artigo escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico de 45;
P.S.2 - Peço desculpa por qualquer má formatação de texto, mas via telemóvel não consigo melhor! 


7.5.15

Pedido de ajuda

"Help, I need somebody" cantavam os Beatles, nos idos anos 70 mas, será que valeu a pena?
Os pedidos de ajuda têm, cada vez mais, a ser mais raros que o próprio petróleo. Afinal, o que faz com que cada vez menos se peça ajuda?
Depois de se ter passado a febre dos flagelados livros de auto-ajuda, onde é que as pessoas pedem ajuda, seja para o que for? Ajuda para carregar uns sacos de compras, ou para ajudar a velhinha a passar a estrada, ou até mesmo para suportar o stress dos dia-a-dia?

Nos dias que correm, vive-se cada vez mais aquilo a que tanto tenho apelidado de umbiguismo. O que se passa no convento, no convento fica e ai de quem tente entrar nos claustros da nossa intimidade! Embora tudo se partilhe nas redes sociais, as vidas que transmitimos não passam de autênticas quimeras de ouro, quando no nosso íntimo ser, nem de latão são feitas!

Teremos perdido a confiança nos outros por nossa própria vontade, ou será que os outros não fazem, na realidade, por merecer a nossa confiança quando precisamos de um ombro amigo, ou mais que não seja de dois ouvido prontos a escutar?

Para onde caminhamos?